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Santa Rosa de Viterbo, a pátria do Chico Louco


Da Fazendinha, Francico Luís Ferreira vai para Santa Rosa de Viterbo, viola caipira afinada, que aprendeu a tocar de ouvido, entrou nas folias de Reis e se tornou dono de uma Companhia de Reis, bonita e que todo janeiro saia pelos sítios cantando o nascimento de Cristo e a chegada dos três Reis Magos.
Pescador emérito, armava redes no rio Pardo na madrugada com os colegas Cortês e Zé Chato, pegava os peixes e vendia na cidade, sobrevivia, alegre e folgazão, como ele mesmo diz. Deixou de pescar no rio Pardo, pesca dificultosa, e passou a pescar numa represa que o Matarazzo tem perto da cidade “somo sócio” diz ele. Pegava as tilápias com a tarrafa, a mulher limpava, tirava os filés e ele ia vender em São Simão e cidades da vizinhança. Levava os peixes numa imensa caixa de isopor e vendia tudo. Na maior parte das vezes, voltava meio bêbado e quase que sem dinheiro, vendia muito “fiado” para as freguesas que se esqueciam de pagar depois. Quando dava pouco peixe – desapareciam na “cama de folhas” - ele ia tirar palmito no pasto dos fazendeiros que tinham ódio dele por causa disso - tirar palmito de macaúba é crime na região: as vacas comem os coquinhos e a gordura deles, dizem, melhora o leite. Ele ia de noite, enfrentava aqueles milhões de espinhos, colocava o palmito no saco e ia vender para as pessoas conhecidas, que compravam pela amizade. Não é um palmito de primeira linha, se não se souber cozinhar, amarga e fica negro na panela.



Chico era uma pessoa que não parava de falar. Falava, falava, até cansar o ouvido de quem estava perto, ainda mais quando bebia umas e outras, coisa que fazia praticamente o dia todo. Era preciso paciência para ficar perto dele, porque podia falar o dia inteiro sem parar ficava insuportável, depois de certo tempo.
Mas sabia tudo sobre ervas para curar doenças. Estava se curando da cirrose que deixara a sua barriga proeminente, mas que, aos poucos, ia afinando devido aos chás (ervas) que tomava, folhas do mato, mais algumas rezas e ia vivendo a quadra dos seus 76 anos, a cara com barba por fazer, um bigode que parecia o Mazaropi, os cabelos ralos brancos e rebeldes amassados pelo chapéu antiqüíssimo que usava não se sabia há quantos anos, gasto e puído pelo tempo. Sabia rezar para afastar cobras, mau olhado, curar erisipela, dor d’olhos e outras doenças. E tecia rede de pesca como ninguém.

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2 comentários:

  1. ESTE É MEU TIO CHICO LUIS IRÃO DE MEU PAI AMBOS EM MEMORIA FRANÇISCO LUIS FERREIRA MEU TIO ADELINO LUIS FERREIRA MEU PAI EU APAREÇIDO BALBINO FERREIRA HOJE COM 70 ANOS E MUITAS LEMBRAÇAS E SAUDADES

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  2. Tempo que não voltam mais né Aparecido.somente as lembranças e saudades ficaram

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